Caderno de recortes #69 — Diletantes/Empatia/Neve

oliboni
4 min readDec 11, 2022

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Então é isso, esse ano sombrio de 2022 finalmente está com um pé para fora da porta.

Diletantes

Andrea del Fuego — FSP 06/12/2022

Sempre fui partidário da prática amadora de qualquer arte sem qualquer pretensão. Se você começa a fazer natação ninguém pergunta se o seu plano é ganhar uma medalha ou viver do esporte. A sociedade normalizou desde sempre a prática amadora dos esportes, mas não aceita o mesmo para a arte. A maior concessão é para aquele amigo que “arranha” um violão que ele costuma levar no churrasco para tocar Legião (isso ainda acontece? Há muito não frequento esse tipo de churrasco).

É comum dizer que a prática artística no Brasil é cara demais para ser feita como um luxo de um diletante. Isso é verdade para muitas áreas, mas na medida do possível, não há problema em aprender algo novo só para o seu prazer.

A escrita pode ser terapêutica em muitos sentidos e é extremamente barata. E, veja, o mais importante, assim como a árvore que cai no meio da floresta faz barulho mesmo quando ninguém ouve, você não precisa se expor para escrever. Não há qualquer problema em fazer isso ou qualquer outra atividade pelo seu mero prazer, sem objetivo prático, sem função social, sem a participação de terceiros.

Ideias Roubadas

Maria Homem — FSP 05/12/2022

2023 — o ano de parar de piorar

Isabel Clemente — FSP13/11/2022

…tentam, a um ponto quase nauseante, ser tão humildes, gentis, prestativos, diplomáticos, alegres, empáticos, arrumados, enérgicos, otimistas, modestos, generosos, justos, ordeiros, pacientes, tolerantes, atenciosos, verdadeiros.

(David Foster Wallace/ Infinite Jest/ tradução livre)

Antes, um contexto. Esse trecho do Foster Wallace está dentro de um capítulo sobre os Alcoólicos Anônimos e ele completa dizendo que não é que o AA deixa as pessoas assim e sim que apenas quem tenta de verdade ser dessa forma consegue se manter no AA (e sóbrio).

Dito isso, um tema recorrente nessa newsletter é o exercício de entender o outro e não limitar a pessoa dentro de uma fôrma binária. Eu ainda acho que só por meio dessa conversa, dessa pacificação, desse entendimento vamos evitar outra situação crítica como os últimos quatro anos.

O Brasil precisa de muita coisa para ficar de pé de novo. Diversas áreas do aparato social foram roídas até o osso. Mas, antes de tudo, o país precisa de tranquilidade. Uma vida em que não se tem uma crise por semana, sendo que muitas delas beiram ao surreal.

Então, que venha 2023, com todos desarmados (em todos os sentidos).

Pintores

Nessa edição não centrarei em um pintor nem tem comentários sobre as obras. São apenas algumas imagens bacanas de cenários com neve para refrescar o nosso Natal do hemisfério sul. O primeiro pintor é um croata, talvez eu dedique algumas edições à ele ano que vem.

Alfred Freddy Krupa

Giuliana Lazzerini

Caspar David Friedrich

Hiroshige

Jerry W. McDaniel

Por fim

Vou aproveitar a deixa da Seleção e dar a largada no recesso do Diletante. Volto com as newsletters no meio Janeiro de 2023, na esperança de só trazer boas notícias.

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oliboni

Diletante profissional, ex-futuro brilhante, praticante do artesanato burocrático